sábado, 19 de junho de 2021

Dois Minutos

O tempo aqui dentro é rápido

É ágil.

É inquieto.

O tic e o tac se fundem, se atropelam, batem juntos, num só compasso.

Não tem pausa. Fecho os olhos. Uma vida que passa dentro da minha cabeça

Olho o relógio, não é possível!

Apenas dois minutos passaram!

Como pode?

Dentro de mim passar tanta história, tanta memória, tantos planos, tantas inquietudes...

E esse tempo do lado de fora não passar?

Que angústia dessa falta de sincronia entre mim e o mundo.

Será que eu gostaria de ir mais devagar?

Ou será que eu gostaria que o mundo fosse mais rápido?

Qual de nós dois determina o tempo certo de viver, de esperar, de sonhar, de realizar?

Só me lembro da passagem daquela música sobre 'paciência' : "o tempo acelera e pede pressa".

É isso que acontece aqui em mim. Tudo acelerado e querendo acontecer pra ontem.

Respiro, fecho os olhos.

Olho o relógio, não é possível!!!

Apenas mais dois minutos!

E mais uma vez a música me guia: "será que temos esse tempo todo a perder? (...) A vida não para!"

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Ah(mar)




Olhar para o mar e não poder sentir sua textura me abraçando
Não sentir suas cores difundindo-se com as minhas
As luzes do sol que batem nele ao ritmo das ondas e se refletem em mim
E eu, que tenho em mim, o mar como essência
Hoje, o olho apenas de longe
Me recarrego apenas através da sua beleza, da energia que emana, do ar que ele faz chegar em mim
Do pouco aroma de maresia que consigo sentir através de uma máscara de proteção
Queria senti-lo inteiro em mim, e me entregar a ele por inteira
Ser coberta por cada uma das partículas que o fazem mar
E que me fazem amar
Uma lágrima escorre aqui, e a sinto com prazer, como um presente do oceano: A libertação do mar que há em mim
E nessa gota de infinidades posso sentir, ainda que por fração de segundos, sua textura, seu sabor, sua temperatura.









quarta-feira, 1 de abril de 2020

Reflexões sobre o Isolamento


Talvez tudo esteja acontecendo para nos mostrar que o ato de heroísmo nem sempre consiste em sair de casa, portando diferentes tipos de armas, prontos para atacar tudo àquilo que julgamos como 'inimigos'.

Isolar-se nesse momento, diz respeito a salvar o mundo, a salvar os outros – independente se esse outro me agrada, concorda comigo, ou não - . Ou ainda isso queira nos mostrar que sozinhos, não somos nada. Sem um planeta saudável em que possamos viver, não somos nada. Que sem o respeito pelo outro, pela diversidade, pela natureza, e por tudo que vai além do nosso próprio umbigo, não somos nada.

Isolar-se nesse momento também diz respeito aos nossos próprios monstros. Aqueles internos que nos dão insônia, que nos causam ansiedade, e tantos outros tipos de transtornos. O ser humano, em geral, sempre teve medo de ficar sozinho (apesar da controvérsia de ter imensa dificuldade em aceitar o outro), medo da sua própria companhia, medo do mergulho em si mesmo.

É. Mas esse momento está decretando isso: Se conheça! Conheça seus limites. Conheça suas capacidades. Conheça suas fragilidades. Converse com tudo o que você é. Sem a presença e a intervenção de ninguém. Olhe pra você, e olhe de verdade. Aprenda a viver com a sua própria companhia.

O mundo precisa disso, os outros precisam disso, você precisa disso.

O combate agora é contra nós mesmos. Contra nossas inseguranças, nossos medos, nossos pensamentos que nos traem. Não estamos sozinhos. Estamos em uma sala com todas as versões do que somos. Cada uma delas está te chamando para um diálogo, uma resolução. Te convidando a fazer as pazes consigo. Entrar em sintonia de paz. Primeiro com você, para que depois você consiga passar isso ao seu próximo, e emanar paz ao planeta.

Isolar-se para um encontro. O encontro com você. Talvez o encontro mais difícil que você já teve na vida. Talvez o que mais esteja te causando frio na barriga, e aquela vontade de desmarcar. Mas esse encontro foi marcado pelo universo, e não aceita que você desmarque. Já está aí. Já começou. Pega uma bebida, olhe para tudo o que está acontecendo. Olhe para você. Converse, entre em conflito, compreenda, perdoe, chore. Se abrace, faça as pazes. Descubra o que você é. Descubra o que você não é. E sobretudo, descubra tudo o que você pode vir a ser de melhor.

Estamos longe de sermos seres simples. Não tem jeito. Então que possamos, nesse tempo de isolamento, aprender a conviver com toda a complexidade que nos compõe.

E se precisar, grita!
O meu grito é a escrita!
Faça isso pelo planeta. Faça isso pelo outro. E faça isso por você!

segunda-feira, 9 de março de 2020

Entre passos e descompassos

Encantar-se novamente por algo desconhecido
- aconteça quantas vezes for - 
será sempre um passo no escuro. 
À sua frente você poderá encontrar uma mão aveludada pronta para segurar a tua, 
um abraço pronto para te acolher, 
como poderá também encontrar diversas muralhas cheias de espinhos!
O que fazer?
Parar de caminhar?
Seguir em frente é praticamente vital. 

Os batimentos, quando parados, sinalizam a inexistência de vida. 
Precisamos do caminhar, precisamos do novo.
Precisamos do 'a seguir'. 
Por mais frio na barriga que isso possa causar.
Daí a gente vai mergulhando, vai se entrelaçando, vai se embaraçando.

Umas vezes construindo nós, em outras vezes, laços.
Abraços, embaraços... 
E tantos passos e descompassos, que chega a hora em que o coração pede uma pausa.
Pede fôlego, pede para respirar, refletir.
Mas não para estagnar. 
Apenas para tomar impulso, e continuar tudo outra vez!
Quantas vezes forem necessárias!
E uma hora a gente acerta os passos desse caminho...
E a gente chega lá. 

Ah, chega! 

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

A dor e o prazer de alguns perigos

Quando alguém te estremece,
Te revira, te coloca de ponta-cabeça,
E tudo vira do avesso.
Quando um olhar te despe
Quando um sorriso te abraça
Quando a aproximação, lenta e sensual,
da pessoa em sua direção...
joga todo o resto no chão!
Esvazia qualquer ambiente.
E tudo o que passa a existir são vocês duas
Quando aquela mão encaixa perfeitamente na sua
Quando aquele cheiro te faz flutuar
Quando passam horas e horas, e você continuaria ali por mais um século
Quando você se sente a vontade, leve...
Quando você se sente você!
Quando o sorriso é frouxo, e o olhar é doce
Quando o perto, bem perto, já não é mais suficiente
Quando você quer que 2 se torne apenas 1
Difundir-se com aquele alguém e se entregar
Quando você se imagina caminhando em mil lugares diferentes, e em todos eles aquela pessoa está ali, de mãos dadas com você - aquela mão que se encaixa perfeitamente -
Quando você olha praquele sorriso e tem vontade de vê-lo todos os dias. Morar dentro dele.
Quando dois corpos se encontram e duas almas se reconhecem
Cuidado! Todas essas coisas têm um alto grau de periculosidade...
E alguns perigos são deliciosos de se correr!

domingo, 1 de setembro de 2019

Balança do Tempo

Troco a foto.
Mudo o foco.
Inquietação surge.
Logo ali, junto às lembranças.
O que procuro?
Qual a busca, afinal?
Será que dá para buscarmos quem éramos?
Saudade será que serve pra quê?
Será que tem que servir?
Onde eu moro agora?
Na esquina do que fui, paralelo ao que vou ser?
Sinto falta, sinto o vento, sinto o tempo.
O tempo que foi, não é.
Mas pode ser.
Os sorrisos que sorri, as aventuras que vivi, as pessoas com quem compartilhei.
Momentos, caminhos, conversas, trocas.
Saudade é bom.
Saudade de nós mesmos, é bom.
Faz a gente olhar pra dentro, olhar pra trás, olhar pra frente, olhar o agora.
Olhar!
Olhar e saber perceber.
Que se sinto saudade é porque o que vivi foi maravilhoso.
Enxergar e entender.
Que a vida flui, acontece e desperta.
Pra quem segue o passo, 
Olha pra trás, 

Mas permanece e vive o agora.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Vida além da caixa

Na inquietude entre passado e futuro, meu presente se concretiza em ansiedade.
Atitudes insanas, intensas, movidas por uma incontrolável fome de vida que ainda não se adéqua... Talvez nunca se adéque.
Fórmulas, caixas, definições. Todos são incentivadores da ansiedade. Vestem roupas diferentes, mas no final te cobram o mesmo: rotule-se!
A vida é mais, a vida não cabe. E não foi feita pra caber.
A vida é sentimento, tesão, sabor, cor, amor... menos enquadro.
Caixa louca essa que tentam nos colocar. Aperta, sufoca, esmaga, manipula. E se não entramos: Loucos!
É amplitude demais, é intensidade demais para ser reduzida em prestações de contas do passado e cobranças pelo futuro.
É complexa, é imensa, é PRESENTE. É tudo que cada pessoa é, e nunca será capaz de ser tecido por um lápis e papel, ou por alguma palavra já inventada, dentro do dicionário, ali, na categoria das... Subjetividades?
E subjetividade lá foi feita para ser reduzida em palavras, meia dúzia de ações ou alguma cobrança imposta?
A vida é tanto, a vida é demais... A vida é foda!
E o viver de cada um é Ser Humano.
Não tentem nos reduzir, nos liquidificar, nos submeter ou nos aprimorar.
Tentem nos sentir.
E tentem se entregar.