sexta-feira, 9 de junho de 2017

O luto e sua morada

Tenho entendido, aos poucos, que a tristeza de não tê-la aqui passou a morar em mim.
E fazendo moradia, mesmo nos dias em que o sorriso estampa em meu rosto,
Ou que a satisfação e a alegria me invadem,
Ela - a tristeza - continua morando aqui. Fazendo parte de mim, dos meus dias.
Já faz um tempo agora, e eu fui escolhendo não ficar observando as feridas que se formaram.
Assim, passei a não dar espaço para as lágrimas, e a angústia passou a sentir-se tímida.
Mas todas essas coisas estão aqui.
Guardadas em uma caixinha no quarto da tristeza, o quarto em que ela se acomodou.
Para a saudade eu não me fechei.
E honestamente, nem quero!
Mas prefiro acreditar que um dia ela vai cessar, que isso é passageiro,
E que quando eu menos esperar, vou te encontrar! Te abraçar! Matar toda essa saudade!
Te contar um monte de coisas! Seriam muitas mesmo!
Enquanto vou driblando tudo isso em mim, 
Vou sendo tomada pela consciência de que agora essa tristeza faz parte de mim.
Estou aprendendo que o que antes era contradição, passa a ser união.
Felicidade e Tristeza.
Vivendo juntas, morando juntas, e aprendendo a se respeitarem!
Porque uma olha para a outra, e sabe!
Sabe que ainda que haja dias em que uma delas esteja predominando,
A outra continua ali, dividindo a casa do meu coração!

Doce Liberdade

Doce mania estranha de achar que temos liberdade.
Liberdade doce, pretensiosa, excitante, que se insinua para mim o tempo todo.
Me convida a pular, mergulhar, me jogar e me entregar.
Pergunta-se: Aonde? Para quem?
A liberdade não te mostra isso. Nem a mim, nem a você, nem a ninguém!
Ela não te dá respostas, tampouco te mostra o caminho.
É um convite. Sem local, data, hora, ou lugar.
Você só tem que ir. Sem saber, sem entender. Ir... Apenas ir.
O que a gente não se dá conta é o quão difícil é se deixar ir.
Achamos que estamos livres, que somos donos de nós, e esquecemos os nós aos quais nos prendem e nos entrelaçam a tantas coisas...
Pessoas, sentimentos, estabilidade, praticidade, ou qualquer nome que você queira dar,
Mas que te levará ao mesmo caminho.
O caminho de não ir, não se jogar, não se entregar.
E você acaba se prendendo na doce mania, estranha e turva, de achar que tem liberdade,
E não se dá conta na amarga ilusão, tão clara, ao qual está preso!

Borboletas no Coração

Sabe aquela pessoa que te causa um frio na barriga?
Aquela, sabe... Que basta sorrir!
Você pensa em falar com ela, e te desce um nervoso.
Que percorre todos os poros do seu corpo,
Como se fossem leves formigamentos.
Esses formigamentos se transformam em uma colcha,
E envolvem seu coração.
Ele formiga até dar um leve disparo.
De repente, essa sensação também percorre por todo o seu corpo.
As vezes nada aconteceu. Você só pensou. E no seu pensamento, havia ela (aquela tal pessoa) presente.
Os olhos começam a brilhar,
Você começa a sentir uma mistura de medo com vontade...
Vontade de muitas coisas!
E cabe a você, render-se ao medo, ou a vontade.
Se jogar, ou não, e ver no que vai dar!
No que daria?
Meu coração acelera de imaginar...
A boca fica seca, de tão preenchida de palavras,
Palavras que querem ser colocadas para fora.
Palavras que querem ser transformadas em ação.
Em tantas ações...
Acho que é nesse momento que as borboletas aparecem.
E alguns dizem que ela fica batendo as asinhas ali no estômago,
Outros dizem que é no coração.
Para mim, as borboletas não se aquietam.
Elas voam, livremente, batendo fortemente suas asas...
Por todo o meu corpo! E pela alma também.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Me deixa

Tem alguma coisa me prendendo.
Tem alguma coisa me sufocando.
Eu quero ir.
Eu quero fazer.
Eu quero voar.
Não consigo.
Estou presa aos nós atados por mim mesma.
Não sei onde começaram, nem onde terminarão.
Pior! Não sei quando....
Sensação de não conseguir dar um passo sequer.
Qualquer movimento, me parece circular.
Estou zonza!
Engulo seco, amargo, parece que tem areia.
O que engulo me corta, me rasga, me cega, me prende, me perturba.
Estou arranhada, esfolada, perturbada, presa, sufocada.
Parece redundante. E é!
Toda vez é isso!
Angústia!
Quero ser livre!

terça-feira, 6 de junho de 2017

O que se quer

Eu sei o que eu quero.
Sei?
Sei!
O problema é que a gente passa a vida aprendendo que não se deve querer tanto.
Não se deve ser tão exigente!
E aqui caberia qualquer tema, mas vamos falar de relacionamento?!
Começamos a namorar uma pessoa, e por não saber direito ainda o que virá, quase automaticamente começamos a imaginar.
Criamos o que é chamado de 'idealização'.
Mas da onde vem essa idealização?
Das coisas que eu quero.
Que quero receber, quero construir, quero doar, quero transparecer, quero, quero, quero, e quero muito!
Muito mesmo!
Se bobear quero até mais.
Mas aí vem a segunda etapa do conhecimento àquela pessoa.
E advinha?! Ela não faz do jeito que você achou que faria.
Ah, mas ninguém é perfeito né!
Provavelmente eu também não sou do jeito que ele/a imaginava...
As etapas vão passando, e veja só!
Estamos apaixonados!
Mas será que alguém já parou pra pensar pelo quê exatamente se apaixonou?
Pelo que o outro é, ou por tudo aquilo que a gente quer, e está sempre querendo que aconteça?!
Mas pera aí!
A gente ta sempre esperando que o que a gente quer aconteça, mas também está sempre aceitando o oposto disso tudo!
Por que?
Por amor. Oi?
É no mínimo complexo.
E se eu me colocar?
Dizer tudo que eu quero, a forma que eu quero que seja, o que eu quero receber, o que eu quero poder dar...
Assusta!
Sinceridade, verdade, transparência demais, assustam!
A gente vive em um mundo em que temos que camuflar sentimentos e desejos o tempo todo!
Para ser aceito pelo outro, para ser amado pelo outro, para não assustar o outro, para que o outro continue querendo permanecer ao meu lado.
O EU aí já não existe há quanto tempo?
Perdi as contas.
Será que ainda sou eu? Ou será que já me tornei o outro?
Uma roda viva, uma bola de neve, sem fim
Que só nos leva a ser quem não somos, a aceitar o que não queremos e a abrir mão do que desejamos!
Em prol de que?
Depois disso tudo... Não sei mais o que pensar, que dirá o que querer!
O que se quer?

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Fim

Essa palavra assusta né?!
Bom mesmo é aquela expressão: "e viveram felizes para sempre".
Só que isso não existe.
Tudo tem um fim.
Desde que tenha um começo...
E esse é o grande desafio!
Porque a gente não pode abrir mão dos começos, só porque eles vão terminar em fim.
Mas vão terminar.
Pensar nisso acaba com o encanto de qualquer meio.
Talvez porque seja real, e o real não nos agrada.
Não fomos ensinados a nos encantar pela realidade.
Fomos ensinados a desejar e a acreditar em um começo que não tenha fim.
Esse é o lindo.
Esse é o irreal, sinto dizer.
Mas acredite, o real pode ser lindo!
E advinha o que vem agora?
Fim ;)

domingo, 4 de junho de 2017

Ritmos Fragmentados do Passado

Eu queria ver no escuro do mundo, onde está tudo o que você quer, porque eu já não sei mais o que te agrada.
Porque nada do que eu faça , faz você me enxergar, nada traz você pra mim. Não consigo te envolver. Não consigo fazer você se sentir em casa nos meus braços.
Minha vontade é de não roubar mais seu tempo, sinto que já roubei demais. Eu juro que não dá pra entender, porque você disse que sentia o mesmo por mim.
Você, que fez eu dizer sim a tantas coisas, agora se afasta de mim lentamente. E eu que não me importei com nada do que iriam pensar, em nome desse amor. Porque o olho brilhou e eu entendi, que naquele momento que vi você, me apaixonei.
Acho que você não entende que não sou palavra, não sou poema. Sou humana, e por vezes tão pequena, querendo que você prove o sabor do meu amor.
Dias de felicidade eu sinto que escorre pelas nossas mãos, quando era apenas relaxarmos para que tudo fosse diferente.
Sinto que não tem mais o desejo maldito e bendito por mim, não quer mais derrapar nas curvas do meu corpo, como se tua febre tivesse esfriando. E eu aqui, sem saber o que fazer, porque ainda lembro da chuva caindo lá fora e nós duas aqui, ardendo de amor.
Talvez amar seja mesmo assim e não mude; talvez seja assim quando alguém une o mar com o nosso olhar, quando alguém está em todas as coisas, até mesmo no vazio que nos dá.
Contudo, você se vê em um ponto que já não dá mais pra voltar. E quando você se joga, descobre que não há precipícios na vertigem do amor. Mas pra isso você tem que se jogar!
Aí, qualquer frase exagerada passa a te dar alegria por estar viva, e você simplesmente não se importa em ouvir que faz tudo errado sempre.
Enfim, percebe-se que você me tem fácil demais, mas não é capaz de cuidar do que possui.
Em pensar que tudo o que eu quero é que você me queira, e só penso nisso o tempo todo.
Será que não sou mais teu bem querer? Não importa, afinal, se o amor acaba, ninguém cabe à culpa.
Só não diga que não quer me ver chorar, se não for fazer nada pra entender, pois a verdade é que sem você, meus dias são sempre iguais.
São tantas questões, mas no final, eu só quero que um dia você descubra que eu era a certa pra você.
E então, um dia, saberemos se o amor move montanhas, e quem sabe poderemos dançar juntas na lua.

Imagina?

Você imagina o quanto dói?
Dizer o contrário do que você gostaria de dizer, porque isso foi estabelecido como o certo?
Ter um sentimento profundo por alguém, um sentimento que chega a fazer parte da sua essência,e se afastar.
Ter a consciência de que se afastar de quem você diz amar é o melhor a se fazer. Imagina?
Tomar remédios para dormir e mesmo assim passar as noites em claro, porque remédio algum é capaz de consertar tudo que se transformara em estrago.
E esse estrago te corrói lentamente com o passar das horas noturnas.
Aliás, aquele clichê, tudo piora a noite.
Como o mundo - ao menos o meu - é controverso.
Me sentir tão pertencente de mim mesma
E fazer tudo de contrário que eu gostaria de estar fazendo!
Por que?
Porque é necessário,
Porque eu tenho um diagnóstico a ser tratado,
E por isso, preciso fazer o que for melhor pra mim. Ou o melhor pra sair desse diagnóstico.
Se imagina fazendo tudo que não queria fazer?
Estou fazendo.
Em prol de um melhor, que eu nem sei se realmente é o melhor.
Agora, imagina você...

sábado, 3 de junho de 2017

Diagnósticos

Depressão.
Ansiedade.
Vai ao médico.
Toma remédio.
Um? Não! Vários!
Pra que são?
Sei lá, mas seguram.
E se eu não quiser me conter?
Não posso ser explosão? Por que?
Não se machuque.
Não machuque os outros.
NÃO SE MATE!
Toma remédio, vai passar!
Com remédio passa? Ou o remédio esconde?
Continua tudo aqui, dentro de mim.
Um vulcão sem erupções, ainda é um vulcão.
E a vida? Tem que manter, né?!
Tem que seguir. 
Seguir o que?
Sei lá. Estude, ganhe conhecimentos, trabalhe e ganhe a vida.
E depois?
Depois você morre, é o natural.
Mas e a vida? Eu não tinha que ganhar? Pra que? Pra no fim perder?
Por que não pode ser agora? A morte. Se eu quiser...
É errado.
Mas e o livre arbítrio?
Silêncio.
E a vida então, torna-se o que pra mim, senão um diagnóstico incurável? 
Mas esse é bom, você vai ver, é maravilhoso viver.
Tem certeza?
Tome seus remédios. Vá ao médico.
Vai passar...


Acostume-se

Acostume-se consigo mesma
Acostume-se com a insatisfação
Não reclame.
Não queira.
Ou queira pouco.
No máximo o suficiente.
Seja grata.
Acostume-se à solidão
Descanse.
Leia.
Encha sem transbordar
Não incomode.
Não apareça.
Não fale.
Não se escute.
Pensar? Nem pensar.
Siga o fluxo. 
Acostume-se
Fica? Vive?

Porque tudo vai
E tudo some.
Começar um texto até, a ideia se esvai.
Eu, que antes de iniciar já tinha tanto em mente, que transbordava em mim assim como transbordaria em qualquer limite de caracteres, ao começar, me esvazio.
Talvez seja o medo do grito.
O medo de deixar de ser silêncio.
O medo de ser ouvida, lida e percebida.
Um dos tantos medos que impede a tantos e tantos de viver.
E viver é o que mais se pede na sociedade, é o que mais se busca.
Contudo, infelizmente, é o que mais tem-se perdido.
Viver.