terça-feira, 22 de agosto de 2017

Ultimamente

Não é de hoje a sensação de prisão.
Uma prisão sentenciada por mim mesma.
Angústia e desânimo tornaram-se sinônimos de existência.
A sensação implacável de calamidade.
Ultimamente não tem sido diferente,
Apenas mais palpável, evidente, concreto.
Estou rodeada de silêncios.
E as vezes o silêncio pode conter um barulho desesperador.
O barulho dos gritos da minha alma.
Tá doendo. E quanto mais dor sai, mais tem para sair.
Nunca tive uma percepção tão límpida e tão dolorosa do conceito de infinito.
Em pensar que tudo o que eu queria era liberdade.
Liberdade que exige seu espaço nas minhas ações, desde o meu nascimento.
Liberdade de gritar. Gritar a minha dor, e gritar o meu amor!
Silenciar o amor também é devastador.
São tantos gestos, dizeres, desejos, prazeres e ações que ficam contidas.
Guardados em um silêncio ensurdecedor.
Em algumas situações quero querer, noutras quero não querer.
E as ideias nem ao menos estão claras em minha cabeça.
Não consigo querer o que eu preciso.
Não consigo gritar o que eu sinto. Não posso...
Sentimento de impotência tem falado alto dentro dos meus silêncios.
Eu amo, eu odeio, eu gosto, eu desgosto, eu quero, eu não quero.
E ninguém sabe. Nem eu.
Porque ultimamente a única clareza é a de que está tudo confuso.
Confuso e em silêncio.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

À espera de mim

Se eu pudesse transformaria todas as músicas na sua melodia preferida. Só pra te fazer levitar de emoção.
Mas eu não tenho mais a mim.
Se eu pudesse transformaria todos os aromas no seu preferido, e te veria deleitar por entre as emanações.
Mas eu ainda não tenho a mim.
Se eu pudesse uniria todas as flores para compor apenas uma. A mais bela. E nela colocaria o seu nome. Com certeza seus olhos brilhariam.
Mas ainda estou tentando me reerguer.
Se eu pudesse, todos os dias felizes seriam seus. E ao meu lado. Não iria querer perder o sorriso em seu rosto que se abriria.
Mas existem dores em minh'alma.
Se eu pudesse te faria a mais deliciosa das receitas, e ficaria ao teu lado observando-te comer. Eu ganharia um beijo em agradecimento.
Mas as feridas estão difíceis de cicatrizar.
Se eu pudesse vedaria seus olhos, e ao retirar-lhe a venda, você estaria diante da mais bela combinação de cores de uma aurora boreal. Iria sentir o calor dos seus braços me entrelaçando.
Estou tentando me recuperar.
Se eu pudesse transformaria todo sentimento em amor. O mais belo e puro. O transmitiria todo a você.
Mas as minhas forças estão concentradas em entender esse novo contexto.
Se eu pudesse teria você. Sem esperas, sem dor, sem conflitos. Experimentaríamos a mais divina paz existente. Embaraçadas em um só amor e propósito.
Mas estou mergulhada em um processo de aceitação.
Queria ser nós. E que este fosse composto por mim e por você.
Mas ainda não consigo nem ser eu, ser minha.
Mas estou aqui.
Estou à espera de mim!

Como um Gato

Como um gato, que nasce livre, e almeja essa liberdade por toda a sua vida,
Mas abre mão dela, por uma boa dose de carinho e conforto.
Como um gato, que por vezes selvagem, gosta de caçar seu alimento, afirmando sua autonomia.
Mas abre mão dela, por um delicioso saché de salmão.
Como um gato, que tantas vezes arisco, por defesa ou por personalidade, prefere se manter distante.
Mas lhe ofereça segurança, estabilidade e amor, e ele lhe será o mais fiel dos companheiros.
Como um gato, que possui hábitos noturnos, e prefere fazer seu repouso durante o dia.
Mas dê-lhe um lar, e ele se adaptará a sua rotina.
Como um gato, que por sua natureza imponente não gosta de ordens, regras ou rotinas.
Mas ofereça-lhe um bom motivo para ficar. E ele aceitará fazer parte do sistema - humano -.
Como um gato...
Como um gato, assim sinto!