sexta-feira, 11 de outubro de 2019

A dor e o prazer de alguns perigos

Quando alguém te estremece,
Te revira, te coloca de ponta-cabeça,
E tudo vira do avesso.
Quando um olhar te despe
Quando um sorriso te abraça
Quando a aproximação, lenta e sensual,
da pessoa em sua direção...
joga todo o resto no chão!
Esvazia qualquer ambiente.
E tudo o que passa a existir são vocês duas
Quando aquela mão encaixa perfeitamente na sua
Quando aquele cheiro te faz flutuar
Quando passam horas e horas, e você continuaria ali por mais um século
Quando você se sente a vontade, leve...
Quando você se sente você!
Quando o sorriso é frouxo, e o olhar é doce
Quando o perto, bem perto, já não é mais suficiente
Quando você quer que 2 se torne apenas 1
Difundir-se com aquele alguém e se entregar
Quando você se imagina caminhando em mil lugares diferentes, e em todos eles aquela pessoa está ali, de mãos dadas com você - aquela mão que se encaixa perfeitamente -
Quando você olha praquele sorriso e tem vontade de vê-lo todos os dias. Morar dentro dele.
Quando dois corpos se encontram e duas almas se reconhecem
Cuidado! Todas essas coisas têm um alto grau de periculosidade...
E alguns perigos são deliciosos de se correr!

domingo, 1 de setembro de 2019

Balança do Tempo

Troco a foto.
Mudo o foco.
Inquietação surge.
Logo ali, junto às lembranças.
O que procuro?
Qual a busca, afinal?
Será que dá para buscarmos quem éramos?
Saudade será que serve pra quê?
Será que tem que servir?
Onde eu moro agora?
Na esquina do que fui, paralelo ao que vou ser?
Sinto falta, sinto o vento, sinto o tempo.
O tempo que foi, não é.
Mas pode ser.
Os sorrisos que sorri, as aventuras que vivi, as pessoas com quem compartilhei.
Momentos, caminhos, conversas, trocas.
Saudade é bom.
Saudade de nós mesmos, é bom.
Faz a gente olhar pra dentro, olhar pra trás, olhar pra frente, olhar o agora.
Olhar!
Olhar e saber perceber.
Que se sinto saudade é porque o que vivi foi maravilhoso.
Enxergar e entender.
Que a vida flui, acontece e desperta.
Pra quem segue o passo, 
Olha pra trás, 

Mas permanece e vive o agora.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Vida além da caixa

Na inquietude entre passado e futuro, meu presente se concretiza em ansiedade.
Atitudes insanas, intensas, movidas por uma incontrolável fome de vida que ainda não se adéqua... Talvez nunca se adéque.
Fórmulas, caixas, definições. Todos são incentivadores da ansiedade. Vestem roupas diferentes, mas no final te cobram o mesmo: rotule-se!
A vida é mais, a vida não cabe. E não foi feita pra caber.
A vida é sentimento, tesão, sabor, cor, amor... menos enquadro.
Caixa louca essa que tentam nos colocar. Aperta, sufoca, esmaga, manipula. E se não entramos: Loucos!
É amplitude demais, é intensidade demais para ser reduzida em prestações de contas do passado e cobranças pelo futuro.
É complexa, é imensa, é PRESENTE. É tudo que cada pessoa é, e nunca será capaz de ser tecido por um lápis e papel, ou por alguma palavra já inventada, dentro do dicionário, ali, na categoria das... Subjetividades?
E subjetividade lá foi feita para ser reduzida em palavras, meia dúzia de ações ou alguma cobrança imposta?
A vida é tanto, a vida é demais... A vida é foda!
E o viver de cada um é Ser Humano.
Não tentem nos reduzir, nos liquidificar, nos submeter ou nos aprimorar.
Tentem nos sentir.
E tentem se entregar.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

O mar que não mergulhei


Bastaram poucas horas, e eu estava encantada.
Os mesmos requisitos de sempre: voz, conversa, os assuntos, o mistério,
E sempre algum ingrediente que não sabemos nomear, definir...
Sua voz, sua doçura, seu sotaque, sua forma de falar – que sempre me fazia sorrir  –, logo me embalaram. E sem perceber eu estava num balanço, daqueles que só se sentem em um delicioso passeio de barco ao mar.
Era isso!
Você era o mar,
e eu que há tanto não o via, me deixei levar pela brisa e pelo cheiro inebriante da maresia.
Passavam-se horas no dia, e em todas elas, nós estávamos ali conversando.
20, 30 min sem falar? Já era saudade...
E essa imensa sedução de mar, em alguém apaixonada por oceano (e há tanto tempo sem mergulhar), me convidou.
Mais que isso, me intimou.
Porque naquele momento eu já não tinha mais escolha.
Meu corpo suplicava pelo mergulho, minha pele estava seca e sedenta.
Os assuntos aumentando, as conversas esquentando, e o desejo explodindo.
Pronto! Fui ao seu encontro! Foi como chegar na beira da praia!
Eu, como criança inquieta, só queria mergulhar . Mas não podia.
Tive que ficar no calçadão observando...Tudo aquilo que eu queria sentir, e não me era permitido. Não era a hora...
Seu olhar, as areias úmidas que meus pés queriam sentir.
Sua voz, o som das ondas batendo, que me davam imensa vontade de me entregar.
Mas eu não podia. Apenas via, e ouvia tudo de longe...
Meu ritmo atencioso e inquieto de te observar – palavras ditas, não ditas. Olhares encontrados e desencontrados – pareciam te deixar desconfortável.
E eu, não aguentava mais!
Minha vontade e pressa de sentir, por inteiro, aquela praia, me desconcertaram.
Deixei de dominar minha vontade. Só a ansiedade falava por mim.
                - E na maioria das vezes, ela não é boa porta voz.
Tentei chegar meu pé perto da areia, e consegui senti-la por alguns segundos... Só aumentou minha vontade de mergulhar!
Não aguentei e gritei! Meu peito explodiu:
                - Quero conhecer tua praia! Mergulhar nas águas do teu mar! Preciso fazer isso agora! Não consigo mais esperar...
Meus olhos flamejavam, minha voz tinha mudado de tom, meu corpo exigia!
Te assustei!
Pude ouvir o som das ondas ficando revoltas, mas eu não sabia mais recuar.
Meu pedido virou súplica, e o seu "não" transformou minha necessidade em frustração.
Não ouvia mais nada com clareza. Sabia que não ia sentir o mar, a areia, nada...
Continuei caminhando ali no calçadão, mas já sem esperança de me deleitar naquela praia.
Foi então que precisei partir, começar a caminhar para longe dali, tirar a praia da minha vista, seguir.
Como último ato de sentir a praia, coloquei minhas mãos na areia. Muito pouco dela ficou em mim, mas aquela sensação eu ainda pude sentir por algumas horas.
A forma que cheguei em casa não podia ter sido outra: seca, sem areia, sem o som das ondas, sem nem mesmo aquela sensação que a maresia deixa na pele...
Meu encontro com você ficou lembrado como o dia que cheguei na praia com tanta vontade de senti-la, e voltei sem alcançá-la.
Olhar o mar só de longe é muito difícil quando se quer nadar.
E no teu oceano, eu sei, eu perdi a chance de mergulhar.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Incompreensível amor

Teu amor bruto,
Que exige minha presença,
Em meio a palavras bruscas que me machucam.
Perfuram meu ser. Este que tanto te preza.
Meus sentimentos fundem-se em dor e admiração pelo que és. 
A doçura da música, da criatividade, 
Da forma de ouvir o mundo, e de se fazer ser ouvido. 
Quando silencia, preocupa. 
Porque és música, e precisa preencher todos os espaços e tempos com a sua melodia. 
Porém, sua composição também sabe machucar, 
como a letra dolorida da música preferida que se ouve quando o coração está ferido.
Uma estrada de companheirismo, cuidado... Brutalidade. 
Dor. Ferida que germina. 
Talvez um dia consiga encontrar para si o equilíbrio de toda essa força que é, 
E perceber toda a beleza que pode ser.
Difícil compreensão.
Te enxergo. Te amo. 



sábado, 17 de novembro de 2018

A paz que me busca

Quando me aquieto,
Fico em pausa, em calma, quase que imóvel,
É meu coração pedindo paz a todo custo.
Ele vira e se revira.
Pulsa de uma maneira incontrolável,
Mas tudo que ele quer é paz
E não consegue pedir calmamente.
Só sabe gritar, agitar minha alma, minha cabeça, meus sentidos.
Procuro saber o que está acontecendo... Não sei.
Talvez seja o espírito que não encontra lar nesse lugar, nessa órbita, nesse universo.
Não me sinto pertencente,
Não me sinto livre.
A paz me busca em alvoroço,
Mas é no alvoroço que me encontro
E a paz, segue na busca!

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

O processo do meu eu

Eu sou isso aqui.
A que vejo e a que mostro.
As imagens, de corpo e alma, que cada vez mais se assemelham.
Aos poucos me torno uma só.
O que sou e o que gostaria de ser.
Aprendi o ritmo de muitas coisas, mas em outras, não vou me redimir.
Não teria graça se fosse diferente.
Não seria eu.
Eu sou a que está aqui, a que está ali, e a que talvez vai estar muito distante quando menos se esperar.
Não tenho medo, tampouco vergonha, das minhas excentricidades, manias, chatices e loucuras.
Gosto de mim. E gosto pra caramba!
E o que aprendi nesse processo de amor próprio, foi a saber como quem quer estar perto de mim, tem que me gostar.
Aprendi a ser mais, e nunca mais vou me permitir ser menos!