quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

O reflexo do espelho

Não imaginei que estaria aqui,
Ou que estaria assim.
Pelo pouco que pude me conhecer até hoje...
Devo ter imaginado, pra mim, um mundo a mais do que tenho, ou do que sou.
Ou também é bem possível que nem tenha imaginado nada.
Mas, a verdade, por trás dos sonhos, erros, acertos, defeitos (muitos), ajustes e tantos novos começos e novos sonhos,
O que tenho é o que sou hoje.
E não é pouco.
Hoje já consigo enxergar isso, e principalmente, me enxergar!
O que sou. O que fui. O que tive. O que tenho.
Aprendi a me ver sob uma nova ótica, com um olhar mais gentil.
Mas sei, que continuo sem saber como será no futuro.
E talvez seja melhor assim.
Porque sem surpresas não há sustos,
Mas sem surpresas, também não há emoção.
O que de novo eu sei, é que seguirei lidando com as alegrias,
as tristezas, as saudades, os nós na garganta, a ansiedade (que vive grudadinha em mim),
os medos, as curiosidades, a vontade de me jogar no novo,
o anseio pelo mergulho, o brilho no olhar pelas conquistas,
a empolgação e comoção pelo reconhecimento... 
E o não saber, o eterno não saber, o que estará por vir. 
O que de novo me encontrará nos passos desse eterno aprender a caminhar!

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Brisa

Você que chegou leve, assim como brisa, 
que refresca os cabelos em um dia quente de verão. 
Sem que se esperasse.
Chegou, sem aviso prévio, e assim também se foi.
Mas não foi logo. Fez morada.
Morada bonita, de quem quando se vai, não vai de verdade. 
Acaba ficando em parte e deixa a dor da saudade.
Antes de ir, refrescou muito mais que o meu cabelo, refrescou minha alma.
Tornou dias densos em momentos leves.
Tornou sensação de angústia em riso frouxo.
Por vezes, tornou até o impossível em possível.
E assim, conexão e assuntos que não mais se acabavam.
Mas, assim, como aquele vento leve que você não espera a chegada, 
se vai da mesma maneira... Sem aviso prévio.
Sem dizer o porquê veio, muito menos o porquê se foi.
Será que se foi?
Porque em mim você permanece, e junto a essa presença - que insiste em não se tornar ausência -, uma saudade que - confesso - não sabia que seria desse tamanho.
Sinto falta de como você fez a vida ficar depois que chegou.
Leve, fresca, possível.
Sinto falta, apenas falta.
E esse "apenas" que poderia significar a amenização de um sentimento 
- a falta - 
pra combinar um pouco mais comigo, e ser do contra, 
significa, neste contexto, justamente o contrário!
E o que não der pra entender, apenas sinta!

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Questão de percepção

Talvez você nunca entenda meus desejos, anseios, vontades.
Sejam profundas ou fúteis.
Nenhuma menos importante que a outra.
Mas talvez você não tenha vindo pra entender, ou talvez não entende porque não percebe.
Talvez o que eu pensei ser clareza, seja turvo e turbulento.
Talvez não seja tão fácil assim, ou talvez a questão seja exatamente a demasiada facilidade.
Esse acesso fácil e direto que sempre te dei aos meus sonhos.
Aos motivos do brilho no meu olhar.
Nem sempre o que olhamos somos capazes de ver.
Enxergar, mergulhar, não ter medo, perceber.
Podem ser tantas coisas, como pode também não ser nada disso, nem daquilo, nem do que outrora pensei ou deixei (quem sabe esqueci) de pensar.
Perceber vai além.
E o querer perceber também.
O outro é assunto complexo, que nem sempre nos cabe.
E as minuciosidades dele, por vezes é só uma questão de percepção...
Noutras, não...
E cabe a nós, a sutil tarefa de perceber.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Golpe Perfeito

Bate, bate mais!
Porque isso não me derruba, me fortalece!
Me constrói!
Aos poucos me torno alguém que não tinha conhecimento que poderia me tornar!
Dor, decepção, mágoa!
Pouco importa, eu tô de pé!
Só depois não se assuste com a minha força,
Com a proporção que isso pode tomar!
Estou em fase de crescimento.
E as porradas da vida, ajudam!
Têm que ajudar!
Não me julgue como fraca, acreditando que pode me quebrar,
Porque meus cacos também podem ferir!
E eu estou cada vez me importando menos com alguma coisa que não seja a evolução da minha força!
Eu! Eu! Eu! Eu!
Sim, estou olhando pra mim.
Pensando em mim.
Cuidando de mim!
Anda sem espaço para o "outro" nesse momento.
Mas quer bater? Bate!
Não esqueça que minha cara estará aqui, pronta pra receber, e forte o suficiente pra isso!

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Ultimamente

Não é de hoje a sensação de prisão.
Uma prisão sentenciada por mim mesma.
Angústia e desânimo tornaram-se sinônimos de existência.
A sensação implacável de calamidade.
Ultimamente não tem sido diferente,
Apenas mais palpável, evidente, concreto.
Estou rodeada de silêncios.
E as vezes o silêncio pode conter um barulho desesperador.
O barulho dos gritos da minha alma.
Tá doendo. E quanto mais dor sai, mais tem para sair.
Nunca tive uma percepção tão límpida e tão dolorosa do conceito de infinito.
Em pensar que tudo o que eu queria era liberdade.
Liberdade que exige seu espaço nas minhas ações, desde o meu nascimento.
Liberdade de gritar. Gritar a minha dor, e gritar o meu amor!
Silenciar o amor também é devastador.
São tantos gestos, dizeres, desejos, prazeres e ações que ficam contidas.
Guardados em um silêncio ensurdecedor.
Em algumas situações quero querer, noutras quero não querer.
E as ideias nem ao menos estão claras em minha cabeça.
Não consigo querer o que eu preciso.
Não consigo gritar o que eu sinto. Não posso...
Sentimento de impotência tem falado alto dentro dos meus silêncios.
Eu amo, eu odeio, eu gosto, eu desgosto, eu quero, eu não quero.
E ninguém sabe. Nem eu.
Porque ultimamente a única clareza é a de que está tudo confuso.
Confuso e em silêncio.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

À espera de mim

Se eu pudesse transformaria todas as músicas na sua melodia preferida. Só pra te fazer levitar de emoção.
Mas eu não tenho mais a mim.
Se eu pudesse transformaria todos os aromas no seu preferido, e te veria deleitar por entre as emanações.
Mas eu ainda não tenho a mim.
Se eu pudesse uniria todas as flores para compor apenas uma. A mais bela. E nela colocaria o seu nome. Com certeza seus olhos brilhariam.
Mas ainda estou tentando me reerguer.
Se eu pudesse, todos os dias felizes seriam seus. E ao meu lado. Não iria querer perder o sorriso em seu rosto que se abriria.
Mas existem dores em minh'alma.
Se eu pudesse te faria a mais deliciosa das receitas, e ficaria ao teu lado observando-te comer. Eu ganharia um beijo em agradecimento.
Mas as feridas estão difíceis de cicatrizar.
Se eu pudesse vedaria seus olhos, e ao retirar-lhe a venda, você estaria diante da mais bela combinação de cores de uma aurora boreal. Iria sentir o calor dos seus braços me entrelaçando.
Estou tentando me recuperar.
Se eu pudesse transformaria todo sentimento em amor. O mais belo e puro. O transmitiria todo a você.
Mas as minhas forças estão concentradas em entender esse novo contexto.
Se eu pudesse teria você. Sem esperas, sem dor, sem conflitos. Experimentaríamos a mais divina paz existente. Embaraçadas em um só amor e propósito.
Mas estou mergulhada em um processo de aceitação.
Queria ser nós. E que este fosse composto por mim e por você.
Mas ainda não consigo nem ser eu, ser minha.
Mas estou aqui.
Estou à espera de mim!

Como um Gato

Como um gato, que nasce livre, e almeja essa liberdade por toda a sua vida,
Mas abre mão dela, por uma boa dose de carinho e conforto.
Como um gato, que por vezes selvagem, gosta de caçar seu alimento, afirmando sua autonomia.
Mas abre mão dela, por um delicioso saché de salmão.
Como um gato, que tantas vezes arisco, por defesa ou por personalidade, prefere se manter distante.
Mas lhe ofereça segurança, estabilidade e amor, e ele lhe será o mais fiel dos companheiros.
Como um gato, que possui hábitos noturnos, e prefere fazer seu repouso durante o dia.
Mas dê-lhe um lar, e ele se adaptará a sua rotina.
Como um gato, que por sua natureza imponente não gosta de ordens, regras ou rotinas.
Mas ofereça-lhe um bom motivo para ficar. E ele aceitará fazer parte do sistema - humano -.
Como um gato...
Como um gato, assim sinto!